Pátria amada, Brasil!

quarta-feira, 19 de outubro de 2011


Como todos nós aprendemos nas aulas de história dos nossos tempos de escola, o Brasil sempre sofreu de uma "falta de personalidade" ocasionada, em especial, pelos longos anos de dominação portuguesa sobre o nosso povo. São vários relatos de cenas da corte brasileira tentando imitar costumes, trajes e cultura europeia, fato que passou a ser motivo de piada, senão papel ridículo, em um país tropical de clima e ares tão diferentes da Europa. A literatura, a pintura e o teatro utilizavam os moldes europeus em suas criações, e as vanguardas europeias chegavam ao Brasil atrasadas e eram imitadas da maneira que podiam.

Muitos anos depois, mais precisamente a partir da iniciativa dos modernistas de 1922, o Brasil tentou alucinadamente encontrar a sua identidade nacional/cultural. Mário de Andrade apostou no folclore e os sociólogos e antropólogos apostaram no mulato, no mestiço. O resultado é o que conhecemos até hoje: o Brasil é um país de mestiços, o país do samba, país da feijoada e o país do futebol! Ou será que não é bem assim?

Leandro Narloch, autor do interessantíssimo Guia politicamente incorreto da História do Brasil, nos mostra que tudo o que adotamos como exótico e "genuinamente" brasileiro, não é tanto quanto achávamos que fosse!

A partir de seu capítulo "Samba", Leandro Narloch mostra, com base em bibliografias diversas, documentos e outras fontes de pesquisa que o samba, tão aclamado por ser um retrato da "cultura do morro" e parte fundamental da formação da cultura brasileira não veio do morro, e que suas raízes tão pouco partem de manifestações folclóricas, mas sim do maxixe, e um pouco de influência do jazz, tornando-se o samba como conhecemos apenas após os ideais nacionalistas ganharem força em meados de 1930, na Era Vargas. Os compositores dos sambas que viraram símbolo nacional eram filhos de industriais e estudantes de medicina. A feijoada, um dos nossos maiores orgulhos quando falamos de culinária brasileira, tem origem europeia. Os latinos do Império Romano, da França e da Espanha é que misturavam carne com legumes e outras coisas, e o prato francês cassoulet é parecidíssimo com a nossa feijoada, porém, feita com feijão branco.

Segundo Narloch, a consagração da imagem do brasileiro veio com a visita de Walt Disney ao Brasil, que logo depois ocasionou a criação do personagem "Zé Carioca", que passeava pelos calçadões das praias, tomava cachaça e sambava com Carmen Miranda. Pronto! O mundo conhecia a cultura brasileira.

Obviamente todas estas constatações não podem influenciar em nada na identidade cultural brasileira hoje, afinal, todos estes itens já foram há muito incorporados à nossa cultura e, se num primeiro momento não são genuinamente brasileiros, já se tornaram por serem tão amados e muito bem feitos por nossas mãos, seja na cozinha, como a nossa feijoada, seja o samba e a grandiosidade do evento que se tornou o carnaval brasileiro (que eu não gosto, só para constar, mas tenho que admitir que é um espetáculo!).

Fica a dica de uma leitura muito interessante e gostosa!!!

2 comentários:

Prof. Irapuan Teixeira disse...

Ótimo comentário Mondschein! Conheço o livro e a dica é muito boa para complementar a educação de história e de cultura brasileira. bjs. P.S.Agradeço a visita ao Blog do Ira.

Arthur Laranjeira disse...

Passando pra elogiar o belo blog>
aproveitando dê uma visitada no meu!!
www.sodiarte.blogspot.com

 
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