Espelhos

sábado, 13 de outubro de 2012

Olhando para o espelho, no meio da noite, ela se reconhece. Há tempos que se escondia por detrás das coisas, dos lugares, das situações. Há tempos que não se via. Porém, olhando para o espelho naquela noite, ela se reconheceu. E, durante a prosa ao longo da noite mansa, a voz mansa, o pensamento afiado, ela foi reconhecida, como nunca achara que pudesse ser. E tudo lhe foi jogado assim, à queima-roupa, como uma verdade que ela achava que estava muito bem guardada, intocável. E ora, vejam só, não estava. O espelho que mostrara, até então, as marcas do rosto e do tempo, os cabelos despenteados, de repente revelava o que sempre estivera ali, e que ela achava que também escondia do espelho. A questão agora é como se pode viver assim, descoberta a partir de então, reconhecida, reconhecível, vulnerável. Olhando para o espelho ela ainda pensa. Pensa no que poderá acontecer daqui para a frente, diante dos próximos espelhos.

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