Do progresso

sábado, 22 de junho de 2013

Em tempos de violência e crise você caminha com cuidado pelo mesmo trajeto de sempre, já tão conhecido seu. Nesses tempos também desconfia-se de quem está sentado ao seu lado no metrô. Desconfia-se do rapaz com sono sentado a sua frente, e do policial a serviço do Estado (ou não). Olhares tímidos desconfiam de mim pelas ruas. Em retribuição, desconfio da senhorinha simpática com sacolas na mão e da criança com uniforme e mochila. Mochilas são perigosas. Em tempos de violência surgem cartazes ferozes bradando contra tudo e contra todos. Sigo desconfiando dos portadores dos cartazes, dos portadores de crachás e dos portadores de flores. Desconfio da bandeira e suas cores vibrantes, e desconfio da inscrição que leio: "ordem e progresso", ou seria "em progresso"?


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