Das doenças que ninguém percebe

sábado, 15 de fevereiro de 2014

As favelas crescem na mesma proporção em que cresce o número de viciados em crack. Ou seria o contrário? A sociedade anda muito doente, e os doentes estão escondidos pelas margens de nossas estações de trens. Eu vou te contar um segredo, você promete não rir de mim? Eu vejo mortos-vivos que andam sem destino pelas ruas. Eles não têm fome, nem sede, apenas o desejo em comum pela substância que os nutre. "Não há cura quando não se admite a doença", você me diz. Um louco nunca admite que está louco. Um viciado nunca percebe que está viciado. Enquanto ninguém admite a coexistência com o mal, a mulher permanece escorada na parede, sem conseguir se levantar, os olhos perdidos no ar. Um dia desses eu vi uma criança. No dia seguinte ela não era mais criança. Nem a mulher era mais mulher. Nem os homens eram mais homens.


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