Paisagem XXXIII - Meio-fio

sexta-feira, 10 de julho de 2015

O corpo estirado no meio-fio me mostra que ainda não sei lidar com a morte. Mesmo consciente de que é o destino final de todo ser vivo, o sangue que escorre pela calçada me choca, e vejo-me no reflexo da janela do ônibus com os olhos lacrimejantes e expressão triste. A "indesejada das gentes", como a chamava Bandeira, não se importa com os anos de experiência, com a vida vivida ou com os filhos que você deixou. Ela cumpre seu papel, estando pronto ou não para a partida. O corpinho estirado no meio-fio não tinha preocupações, não deixou um emprego, nem mesmo filhos. Ainda com a cabeça recostada no vidro da janela, penso, talvez tivera uma vida feliz.


Um comentário:

PAULO TAMBURRO. disse...

Olá PRISCILA,

obrigado por ter votado a me visitar e sei porque estas coisas acontecem,pois de repente são tantos os compromissos que não sabemos por onde começar.

Quanto ao texto, assim que terminei veio a imagem e imediatamente a coloquei aqui que é:

-"Morreu na contra mão atrapalhando o tráfego" - Construção de Chico Buarque.

Um abração carioca.Priscila.

 
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