O
olhar e o toque dos amantes em preto e branco. O abraço. Os olhares.
Como
diz Drummond no poema “Amar”: “que pode
uma criatura senão entre criaturas, amar?”. O poema se funde às imagens
registradas pela Diretora e Roteirista Raquel Gomes que, através de seu olhar
sensível e aguçado para o belo e, ao mesmo tempo, para o inóspito, transforma o
poema em vida: o contato com a pele. Este é o caminho do amar, do clímax, do
êxtase. A imagem da bomba de hidrogênio, símbolo de destruição também significa
potência e gozo. A ressignificação do ícone do que há de mais destrutivo já
construído pelo homem, aqui, diretamente relacionado à explosão do ato de amar.
Mas, no final, amar não é morrer um pouco a cada gozo? Pode-se morrer de amor? De
amar?
Mais
adiante, surge Baudelaire, “Parece que
todo ouro do pobre mundo veio parar nestas paredes”. E o diálogo continua.
A pele como elemento central e conector, o elo entre Drummond e Baudelaire
captado pelo olhar de Raquel. Talvez todo o ouro do mundo esteja sim, nestas
paredes macias, embaladas pela trilha sonora calma dos amantes. Talvez todo o
ouro do mundo esteja no outro. E talvez, depois que percebermos isto, não
precisemos de nenhum outro ouro.
O blog da cineasta Raquel é este: http://raquelcinema.blogspot.com.br/