Encontro meus rabiscos espalhados pela casa, empilhados sobre as prateleiras das estantes empoeiradas, são tantos, todos manuscritos. E então me pego a pensar sobre o quanto eles se tornam cada dia mais raros. Eles, os manuscritos. Não os meus, pois adoro escrever. Adoro riscar com a caneta sobre o papel branquinho, branquinho, e adoro riscar e escrever por cima, e, daqui a cinco minutos, riscar e escrever novamente. E caprichar na letra, embelezando a primeira maiúscula, apenas pelo prazer de vê-la belíssima sobre a folha...
Os manuscritos são tão ricos, mostram o que deveria ter sido dito, enviado, publicado, e que foi modificado no meio do caminho, porque não rimou, ou porque é muito explícito, ou simplesmente porque não se quer mais dizer aquilo...
E as cartas, escritas à mão, tão íntimas, tão cheias de sentimentos, em cada linha, em cada parágrafo, na saudação final... substituídas tão cordialmente pelo e-mail, comunicação rápida, backspace, enter, pronto, att, Priscila. Cadê a intensidade, a marca dos dedos na folha, o cheirinho do papel de carta... A propósito, eu ainda tenho papéis de carta.
2 comentários:
Puxa vida,era mesmo tão melhor...e voc~e falou tudo...papel de carta....que delícia que era aquilo!Tinham cheirinho, cores diferentes, era tõa mais pessoal...
Gostei do que escreveu, sua linda!
muito beijos e linda semana!
Bia
eu sou um apaixonado por escrever cartas à moda antiga, pena que hoje já ninguém goste de receber.
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