Minha vida na USP daria um livro. Um romance.
Começaria assim: no cursinho, a professora, diante da sala apavorada pela FUVEST, diz: "Vocês acham que é difícil entrar na USP? difícil é sair dela!"
E claro, ninguém dá ouvidos.
Dai você entra na USP: festa.
Mas você não sabe fazer prova.
Não sabe escrever um trabalho.
Você acha, até, que nem sabe escrever.
Como assim? você faz Letras!
Sim, mas não sei escrever.
Uma metidinha maldita discute Marcel Proust com o maravilhoso professor de literatura.
E você nem sabe pronunciar o nome do cara, e a menina ainda falando...
Dai você descobre que ela já fez dois anos de Publicidade (morra!).
E você nem sabe escrever.
Começa o alemão: você não entende nada, é claro. Pânico.
Depois você aprende, sob pressão, mas fica feliz.
Seis anos depois, você recebe o diploma de Bacharel.
Parabéns, diz a moça da secretaria.
Agora falta a licenciatura. Mais um ano.
Duas desistências, dois abandonos.
Última tentativa.
Mas ainda tem o Júpiter... ah, sempre o Júpiter.
Você faz a matrícula com o professor de olhos azuis, e, quando chega na sala de aula, descobre que não é ele: Rá, pega pelo Júpiter again...
Como assim? Só estou lá pelo professor de olhos azuis, e não é pelos olhos, é porque ele é inteligente, sabe dar aulas, não enche o saco. Que trabalhinho em grupo que nada. Que inferno!
Eu o abandonei o ano passado, agora ele me abandona...
Poxa, e agora?
Agora, a última chance, o último semestre. Vai menina, termina, só um... sim, só falta um... termina menina, só mais um semestre... só um...
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