Na era dos e-mails, cartões virtuais, mensagens sms, redes virtuais etc, qual o ambiente ideal para se criar um romance, uma história interessante e atrativa para ser contada dentro de 150 ou 200 páginas de um livro?
Em “O castelo nos Pirineus”, Jostein Gaarder utiliza o meio de comunicação mais famoso dos últimos tempos para ser o elo entre Steinn e Solrun, depois de um reencontro do ex-casal em um chalé em meio à paisagem norueguesa. Além dos questionamentos dos personagens sobre o motivo que os levou à separação, as correspondências eletrônicas tornam-se, ainda, uma grande discussão a respeito da origem e do fim da vida, o que há depois da morte, sobre espiritualidade e ceticismo, repleto de filosofia, assim como as demais obras do autor.
Os e-mails, atuais substitutos das cartas de papel por sua praticidade e comodidade, são hoje as nossas cartas de amor, as nossas cartas de despedida, de reencontros, e das boas e más notícias. Armazenados em memória, o tempo não os envelhece, não rasgam, e estão sempre naquela pasta exata. Por outro lado, não há cheiro, não há a marca da mão do escritor, não há a particularidade da letra, boa ou má escrita.
O que perdemos, ou o que ganhamos, é apenas uma questão de ponto de vista. As correspondências permanecem, a necessidade de sentir a proximidade do outro permanece, e a capacidade do escritor de captar estas necessidades dentro do seu tempo é o que faz a verdadeira diferença.