Segue o solo seco e quebradiço marcado pelo sol que impera
sem fim entre o Trópico de Capricórnio e a Linha do Equador.
Segue a trilha da criança com a lata d’água na cabeça, e a
trilha das lágrimas da mãe até o resto de água salobra que sobrou da imensidão do
açude, que ainda ontem ali existia.
“Segue o seco sem sacar que o espinho é seco”*, como canta a
voz suave da cantora na música que vem do radinho de pilha na cabeceira da
menina que ora aos céus, perguntando pela chuva.
E de tanto seguir o seco da terra, o sertanejo já não mais
admira a beleza do azul do céu limpo, totalmente sem nuvens, que se mostra
vanglorioso sobre a sua infinitude.
Do outro lado, o turista segue o seco da areia branca em
busca do mar que, de tão azul, se mistura ao céu. É tanto céu, e tanto azul,
que ambos, das extremidades da terra seca, por um lado, e da areia branca, do
outro, estacam, contemplando a paisagem de imensidão que se desenha sobre a
linha do horizonte. E se você reparar bem nos rostos, ambos bronzeados pelo
sol, vai notar uma nesga de sorriso no rosto do turista, agradecendo ao Deus
Sol, e uma lágrima que brota no olho esquerdo do sertanejo, que ora por seu gado.
*Trecho de Segue o Seco, Marisa Monte.
2 comentários:
O paraíso de uns está num céu azul. O de outros, em nuvens negras.
E a história da seca se repete na nossa História.
O paraíso de uns está num céu azul. O de outros, em nuvens negras.
E a história da seca se repete na nossa História.
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