Paisagem XXIV - Do alto do Pai Inácio

sábado, 17 de agosto de 2013

Do topo do Morro do Pai Inácio eu vejo toda a vastidão Diamantina. Se a Chapada fosse uma mulher, estaria vestida de verde sobre suas formas e silhueta perfeita, com enfeites azul-céu na cabeça. A vegetação rupestre cresce em rochas e alimenta-se de nutrientes da água e de outros trazidos pelo vento, diz o guia. Se tirar uma mudinha, ela morre. Eu também sou mulher que se alimenta de água e vento. Se tirar uma mudinha, não morro, multiplico-me. Eis o meu trunfo. Do topo do Pai Inácio aprecio a vastidão Diamantina que cospe na minha cara a pequenez e insignificância da minha existência. Posso ouvir Diamantina dizendo "eu posso te engolir, se quiser". E pode mesmo, não duvido. Faço uma reverência em respeito. Ainda tenho um trunfo: exploro-te em suas curvas, seu corpo vasto e robusto, com a ajuda de quem te conhece muito bem. Diamantina resiste, mas não nos impede. Diamantina se preserva em silêncio. Diamantina não é jovem, mas continua linda e imponente, uma linda mulher domada.


Um comentário:

Rovênia disse...

Que lindo texto, Pri! Morro de vontade de conhecer,sabia? Beijos e boa semana!

 
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