A moça chorava enquanto segurava um buquê de flores
nas mãos, em pé, no trem, às 21h do dia em que principiava a primavera. Nada
mais bonito e significativo, pensava eu. Sempre invejei mulheres com buquês,
imaginando a cena que precedera a entrega, e a declaração de amor implícita nas
pétalas das rosas vermelhas. Vermelho paixão: clichê. Mas aquela moça, naquela
noite, tinha uma tristeza nos olhos, que tentava esconder com a cabeça baixa,
em meio aos cabelos. Percebi também que chorava, meio abafado, disfarçando os
soluços entre as respirações. Sempre imaginei a alegria de receber um buquê,
mas talvez, naquele momento, as flores representassem uma despedida, ou
palavras amargas em um cartão mal escrito, vai saber. Eu sempre invejara
mulheres com buquês, mas naquele dia, olhando pelo reflexo, eu sentia apenas
pena.
Feliz 2016! ;)
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