Ho ho ho atrasado, ou melhor, feliz ano novo! Ou ainda: balanço anual.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Se os outros anos foram de correria, trabalho, viagens e outras coisas que me afastam do blog por n motivos, posso dizer que, em 2013, essas correrias foram multiplicadas por 2. É difícil escrever quando se está cansada de traduzir o dia todo, imersa em dicionários, e ainda mais quando se está estudando e tem mil coisas borbulhando na cabeça. 
Graças a Deus (e ao meu esforço, claro), 2013 teve bons resultados, e espero que 2014 seja melhor ainda, inclusive para todos os leitores que chegam aqui porque gostam ou porque passam pelo google.

Aproveitem as festas de modo responsável, abracem seus familiares e amigos e seus animaizinhos de estimação. Desejem o bem aos outros de coração. Coisas boas atraem coisas boas! E assim a gente vai fazendo um ano novo melhor e mais feliz. Às vezes a gente não percebe, mas sempre há felicidade escondida pelos cantinhos e nas situações mais simples de nossa vida. Um beijão e até o ano que vem! ;)




Paisagem XXVII - Marcas

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

A velhice nada mais é que uma flor já prestes a murchar. As pétalas perdem a vivacidade da cor, e vão se tornando amarelas. A pele, antes rígida, agora é fina, sensível, e deixa transparecer as veias, também sensíveis, como se estivessem prestes a romper. As mãos, antes ágeis, agora tremem e a fragilidade transborda pelos dedos inseguros. Os rostos são serenos. A sabedoria traz a serenidade, a conformação sobre tudo o que não se pôde mudar em uma vida, fossem quais fossem as razões. A velhinha  à minha frente lê um livrinho escrito "poesias para o irmão". Aposto que não é para o irmão dela, deve tê-lo achado escondido ou perdido por aí. Penso que eu, quando minha pele estiver tão fina, e eu tiver o semblante tão sereno, assim, passeando numa tarde de domingo, talvez me acompanhe um Baudelaire, que eu encontrarei perdido no fundo de minha bolsa, enquanto alguém também escreve sobre as marcas que o tempo deixara em meu corpo.

É Natal!

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

É Natal em São Paulo. Não é Natal em Kiev, a capital ucraniana em clima de protestos. Na Alemanha é Natal com direito a Weihnachtsmärkten. Na casa de minha amiga é Natal com ceia chique e bebê novinho, acabado de sair do forno. Na minha casa é Natal com árvore branca e vermelha, da cor da roupa do bom velhinho. Um Natal normal. Mandei presentes a 3 crianças dizendo que eu era o Papai Noel, e talvez estas crianças nem acreditem, e talvez me achem uma tonta. Na empresa é Natal de produção. Na África do Sul é Natal sem Mandela, uma grande perda. E são tantos lugares, e tantas pessoas, e tantos natais, em uma só data. E tantos sonhos, que seria necessária uma legião de bons velhinhos para dar conta. Se o mundo acreditasse neles.

Sem mais!

O filme "Eu Maior" e a eterna busca do ser humano

domingo, 1 de dezembro de 2013

Quem somos, de onde viemos e para onde vamos? Como preencher estes dias repletos de horas e de acontecimentos e de pessoas e de pensamentos? "O que importa não é a estação, mas sim como você faz a viagem", diz um dos entrevistados do filme, o filósofo Mário Sérgio Cortella. E, de fato, a única certeza do ser humano é a morte, o que faz de nós mortais conscientes de que a vida é uma passagem. Então viva. A política Marina Silva diz que, se fôssemos felizes o tempo todo, não saberíamos o que é felicidade. A ignorância é felicidade? Não perguntar é ser feliz? Adianta perguntar? Ser humano é ser feliz? Você achou as respostas? Você sabe as perguntas [certas]? Eu não. E Marina está certa. Assim como também estão certos os que dizem que a felicidade está nas pequenas coisas, nos pequenos instantes importantes e passageiros, "o resto é memória", como diz a Monja Coen. Em uma coisa todos os entrevistados concordam, cada um à sua maneira e conforme a sua realidade: é necessário conhecer a si mesmo, para descobrir, então, o que é importante para você, o que é você, o que te faz "ser" entre tantos seres, o que é a sua felicidade. Este filme é sobre mim, sobre você, sobre todos nós e a nossa eterna busca, vale a pena a bela reflexão!
Assista na íntegra aqui:

http://www.youtube.com/watch?v=V0gquwUQ-b0

O desabafo de Fernanda

segunda-feira, 18 de novembro de 2013



O texto de hoje será um pouco diferente das paisagens que estou acostumada a postar aqui no blog: dessa vez não tem romantismo, não tem miséria, não tem drogados. Graças à Fernanda, moça que escolhi, no ônibus quase vazio, para me sentar ao seu lado, o texto de hoje é um desabafo. Mas não meu, o texto é um desabafo da Fernanda.  
  
Fernanda me olha e solta um suspiro. Obviamente não entendo o seu significado. Ela olha pela janela e vê uma geladeira rosa sobre uma caminhonete. “Você viu? Era uma geladeira rosa. Eu queria ter uma geladeira rosa”, diz Fernanda. Eu não vi, respondo à moça. Era o pontapé inicial para a conversa. 
  
Depois de nos cansarmos de falar sobre geladeiras, fogões e carros rosa, Fernanda me diz, de repente: “eu tenho esclerose múltipla”. Eu, em minha ignorância, tinha uma leve lembrança do que seria esclerose múltipla: uma doença grave, muito grave. Ponto. Fico olhando para Fernanda pensando que ela talvez devesse estar internada, ou algo do tipo, se tivesse mesmo esclerose múltipla. Ela me surpreende quando começa a contar sua história. Fernanda teve uma crise aos 18 anos, ficou imóvel, sem memória, sem poder comer, sem falar, por vários dias, até que descobriram qual era a causa de sua crise, a esclerose múltipla. Luta contra a doença tomando injeções “dia sim dia não”, que são doloridas, para evitar as crises e “sumir as manchas no meu cérebro”, conta a moça.

Em sua história não aparece a palavra mãe. Fernanda me fala do pai e das tias que a criaram. Parece ter tido uma infância sofrida. Na crise, foi levada às pressas para um hospital público em Osasco. 

Agora, aos 22 anos, a doença “controlada”, Fernanda ainda toma injeções “dia sim dia não”, mas está cansada desta luta. Fernanda também trabalha no Mc Donalds (o que realmente a transforma em uma guerreira), e desabafa comigo que sua fé é que diminuiu as “manchas no cérebro” que apareciam na ressonância magnética e a forte dor de cabeça que a maltratava.
  
Sempre que termina de relatar um acontecimento, Fernanda suspira, com a cabeça levantada, talvez para segurar o choro. Mas Fernanda é muito forte, não chora. Assim como é forte para injetar o remédio nela mesma. Assim como é forte a prece que ela faz, todas as noites, para que as manchas no cérebro sumam na próxima ressonância. E eu acredito em Fernanda. 

Ao descer do ônibus, cumprimento Fernanda segurando em seus braços e dizendo “na próxima ressonância, você estará muito melhor, pode acreditar”. E Fernanda acredita em mim.

Graças a sua força, simpatia e simplicidade, Fernanda ganhou nesta tarde mais uma voz para rogar a Deus por sua recuperação, a minha. E neste desabafo de Fernanda, se houver pelo menos mais uma voz na mesma oração, Fernanda ficará ainda mais forte e não haverá mais manchas, nem dores de cabeça, e nem injeções.

Paisagem XXVI - Sedução

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Na pressa para o compromisso para o qual nem estou atrasada, saco o batom da bolsa e retoco os lábios, devagar, com o cuidado de quem pinta um detalhe no quadro já acabado. O rapaz no banco ao lado me olha, estaria desejoso destes lábios? Repara nos contornos e nas voltas do batom. Repara nos contornos e nas voltas dos meus lábios. Cada passagem do batom dura uma fração de segundo, assim como a chegada da próxima estação. O rapaz desce, e eu continuo minha viagem, sozinha. Rapaz, você ganhou um post!

Feriado na praça

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

No feriado do dia 02/11 fui à Praça Roosevelt fazer um trabalho com os seus frequentadores. A praça estava lotada, uma paisagem bastante bonita de pessoas sentadas ao sol e skatistas treinando em todos os cantos. Sentado, observando os filhos que também andavam de skate, estava o Clemente, vocalista da banda Inocentes, de óculos escuros fuçando no celular. Paramos para conversar com ele, apenas alguns minutos, para não atrapalhar o descanso do pai com seus filhos. É legal perceber que os anos acalmam os ânimos, os ideais, o espírito, e transformam a figura do punk no pai de família dedicado que brinca com os filhos no parque, numa tarde ensolarada.

Das câmeras

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Quantas fotos os meus olhos teriam feito para registrar todos os belos momentos que presenciei ou pelos quais apenas passei enquanto espectadora? Cada flash é disparado pelo movimento de minhas pálpebras. A luz perfeita, o ângulo, a distância. As cores reais do meu mundo, e os personagens que Deus criou: sem o photoshop e sem o dedo dos designers. A vida como ela é. O homem pesca à beira do lago, enquanto uma garça o espreita, esperando o resultado. Uma bela foto de segunda-feira melancólica.

Foto: Little Angell

Pátria amada, Brasil! Parte II

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Que o Brasil tem andado muito bem relacionado (e ranqueado) em relação à economia mundial, todos nós temos muito ouvido falar nos últimos anos. Mas isto não significa que alguns dos nossos problemas estruturais básicos, e que têm nos acompanhado há séculos, tenham sido por fim resolvidos. É basicamente disto (e de outros assuntos tão graves quanto) que trata o discurso do escritor Luiz Ruffato na abertura da Feira do Livro de Frankfurt, um dos maiores eventos da área editorial no mundo, e que agora também terá a participação brasileira. Palmas para o Ruffato, que mostrou lá fora que nossas praias e belíssimas paisagens naturais escondem, ainda, muita desigualdade, miséria e injustiça.

Seguem alguns trechos do discurso e o link do Estadão, com o discurso completo! :)

"(...) Ora o Brasil surge como uma região exótica, de praias paradisíacas, florestas edênicas, carnaval, capoeira e futebol; ora como um lugar execrável, de violência urbana, exploração da prostituição infantil, desrespeito aos direitos humanos e desdém pela natureza. Ora festejado como um dos países mais bem preparados para ocupar o lugar de protagonista no mundo --amplos recursos naturais, agricultura, pecuária e indústria diversificadas, enorme potencial de crescimento de produção e consumo; ora destinado a um eterno papel acessório, de fornecedor de matéria-prima e produtos fabricados com mão de obra barata, por falta de competência para gerir a própria riqueza.
Agora, somos a sétima economia do planeta. E permanecemos em terceiro lugar entre os mais desiguais entre todos...
Volto, então, à pergunta inicial: o que significa habitar essa região situada na periferia do mundo, escrever em português para leitores quase inexistentes, lutar, enfim, todos os dias, para construir, em meio a adversidades, um sentido para a vida?
Eu acredito, talvez até ingenuamente, no papel transformador da literatura. Filho de uma lavadeira analfabeta e um pipoqueiro semianalfabeto, eu mesmo pipoqueiro, caixeiro de botequim, balconista de armarinho, operário têxtil, torneiro-mecânico, gerente de lanchonete, tive meu destino modificado pelo contato, embora fortuito, com os livros. E se a leitura de um livro pode alterar o rumo da vida de uma pessoa, e sendo a sociedade feita de pessoas, então a literatura pode mudar a sociedade. Em nossos tempos, de exacerbado apego ao narcisismo e extremado culto ao individualismo, aquele que nos é estranho, e que por isso deveria nos despertar o fascínio pelo reconhecimento mútuo, mais que nunca tem sido visto como o que nos ameaça. Voltamos as costas ao outro --seja ele o imigrante, o pobre, o negro, o indígena, a mulher, o homossexual-- como tentativa de nos preservar, esquecendo que assim implodimos a nossa própria condição de existir. Sucumbimos à solidão e ao egoísmo e nos negamos a nós mesmos. Para me contrapor a isso escrevo: quero afetar o leitor, modificá-lo, para transformar o mundo. Trata-se de uma utopia, eu sei, mas me alimento de utopias. Porque penso que o destino último de todo ser humano deveria ser unicamente esse, o de alcançar a felicidade na Terra. Aqui e agora."

O Tribunal

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

A mulher sentada na grama do parque sob o sol da tarde é livre. As pessoas chamam-na louca. Eu a chamo simplesmente mulher. Os julgamentos são vários, os tipos também. Julga-se sem especialidade e sem compaixão. Um julgamento sem argumentos e sem arguição. "Somos todos um pouco loucos", dizem os mais "descolados", mas a verdade é que até a insanidade tem o seu nível de aceitação pela sociedade. Há loucos e loucos. Há os livres, considerados loucos. E há os loucos, considerados livres. Eu? Eu não sou louca, muito menos livre. Apenas reservo-me o direito de permanecer calada neste grande tribunal.


Outubros...

domingo, 6 de outubro de 2013

O que se espera desta Primavera são as flores dos últimos meses cultivados e a espera de um Verão promissor: que seja quente, que seja leve, que seja feliz! :)

Sobre infância!

sábado, 28 de setembro de 2013

"(...) a infância de Geraldo Viramundo transcorreu como a de seus irmãos. Como seus irmãos ele comeu terra, botou lombrigas, arrebentou cupim para ver como era dentro, seguiu as formigas para ver aonde iam, misturou açúcar com sal no armazém, furtou garrafa de guaraná e depois mijou dentro botando no lugar para o pai não descobrir, brincou com fogo e mijou na cama, brincou de pegador, tic-tac carambola, este dentro e este fora, matou passarinho com bodoque, enterrou ovo choco e fez fogo em cima para ver se nascia pinto, foi mordido de marimbondo e ficou de cara inchada, amarrou lata vazia em rabo de gato, fez galinha dançar em cima de lata quente, contou com o ovo no rabo da galinha, enfiou o dedo no rabo dela, teve sarampo, catapora, caxumba e coqueluche, pegou sarna para se coçar, correu de boi bravo, botou cigarro na boca de sapo para ele fumar até rebentar, se escondeu na cesta de roupa suja para ver a irmã mais velha tomar banho, quis pegar a irmã mais nova e depois teve remorso, perdeu a virgindade numa cabrita, fugiu de casa e apanhou e por isso tornou a fugir e por isso tornou a apanhar, construiu casinhas de barro, caiu da árvore e se machucou, comeu manga com leite e adoeceu, contou as estrelas do céu e ficou com berrugas, pegou carona em caminhão, aprendeu a ler na escola, fez do travesseiro o corpo da professora, teve medo do João Carangola que fugiu da prisão e gostava de menino, assobiou e chupou cana ao mesmo tempo, fumou cigarro de chuchu, fez coleção de favas, foi à missa aos domingos, assistiu fita de Tom Mix, Buck Jones e Carlito no cineminha da cidade, apanhou bicho-de-pé, pisou em urina de cavalo e ficou com mijacão, armou arapuca no mato, jogou futebol com bola de meia, teve dor de dente de noite, foi coroinha na igreja, contou quantas vezes fazia coisa feia para se lembrar na confissão, procurou não mastigar a hóstia para que não saísse sangue, fez flautinha de bambu, ficou preso pela piroca num gargalo de garrafa, molhou o pijama de noite e teve medo de estar doente, ficou com pedra na maminha e perguntou à mãe o que era, se apaixonou pela filha mais velha dos italianos do empório, tirou o cavalinho da chuva, pensou na morte da bezerra, chorou escondido, teve medo, descobriu que o céu era imenso, teve vontade de morrer, ficou acordado de madrugada ouvindo o galo cantar sem saber onde, sentiu dores nos culhões, comeu a negra Adelaide e virou homem."

(Trecho de "O Grande Mentecapto", Fernando Sabino) - em homenagem a Cosme e Damião, um trecho muito bonito sobre uma infância de verdade, coisa rara hoje em dia!!!




Paisagem XXV - Apocalipse

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

É manhã. Os viciados acordam junto com a cidade para começar a sua peregrinação até o local de encontro, atrás da estação de trem. Se você me disser que haverá o apocalipse, e que os mortos caminharão sobre a terra, eu acreditarei, pois é o que vejo todos os dias da janela do trem. Se você disser que há uma cura, eu também acreditarei, pois tenho fé. Os zumbis perambulam sem destino e sem futuro. Não! Espere! Há futuro: a morte certa. Mas qual de nós não está fadado a este fim? A diferença é o percurso que escolhemos até a chegada da Indesejada das gentes. Só isso, nada mais.


Relógios

quinta-feira, 12 de setembro de 2013


O relógio soa a hora do rush
a hora do almoço
a hora do jantar
tic tac
é hora de ir embora
é hora de comer
é hora de dormir
tic tac
é hora de amar
é hora de brigar
é hora de se acertar
tic tac
é hora do rush
é hora de apertar
o relógio soa
o rosto sua
tic tac
é hora de surtar
é hora de jogar
este relógio contra a parede
tic tac
é hora de se libertar.

(Priscila Mondschein)


Mais poesia nas suas tardes!

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Se você gosta de poesia e adora passar horas no Facebook, nós temos um convite pra você! 
Curta a página Tarde em versos e receba, todas as tardes, versos e poemas selecionados com o único intuito de trazer mais poesia às nossas tardes, seja no trabalho ou em casa!

O Tarde em versos é um projeto coordenado por mim, pela Giovanna, que escreve no Silence Reports, e pelo Ricardo Santana!


Vejo vocês por lá! ;)

Dos sorrisos

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Às vezes a gente acha que tudo ao nosso redor é cinza e triste e cansativo quando estamos no metrô lotado, voltando para casa após um longo dia de trabalho. Mas às vezes alguém sorri, sozinho, olhando para o vidro negro da janela, devido à escuridão do túnel. Às vezes é um sorriso sincero, de alguém que teve um bom dia, de alguém que recebera uma ligação do seu amor, no meio do expediente, ou de alguém que esquecera, por um segundo, que está tão quente aqui dentro que não se pode respirar. Às vezes alguém sorri para um outro alguém, porque acha que pisou em seus pés. É um sorriso de pedido de desculpas, mas a pessoa não pisou em seu pé. Um dia eu recebi um sorriso porque cedi o lugar a alguém que estava muito mais cansado que eu. Ele estava cansado da vida. Este foi um sorriso de gratidão. Sem graça e perturbada, eu sorrira de volta, e o meu sorriso dizia "calma, calma, tudo vai terminar bem".


Paisagem XXIV - Do alto do Pai Inácio

sábado, 17 de agosto de 2013

Do topo do Morro do Pai Inácio eu vejo toda a vastidão Diamantina. Se a Chapada fosse uma mulher, estaria vestida de verde sobre suas formas e silhueta perfeita, com enfeites azul-céu na cabeça. A vegetação rupestre cresce em rochas e alimenta-se de nutrientes da água e de outros trazidos pelo vento, diz o guia. Se tirar uma mudinha, ela morre. Eu também sou mulher que se alimenta de água e vento. Se tirar uma mudinha, não morro, multiplico-me. Eis o meu trunfo. Do topo do Pai Inácio aprecio a vastidão Diamantina que cospe na minha cara a pequenez e insignificância da minha existência. Posso ouvir Diamantina dizendo "eu posso te engolir, se quiser". E pode mesmo, não duvido. Faço uma reverência em respeito. Ainda tenho um trunfo: exploro-te em suas curvas, seu corpo vasto e robusto, com a ajuda de quem te conhece muito bem. Diamantina resiste, mas não nos impede. Diamantina se preserva em silêncio. Diamantina não é jovem, mas continua linda e imponente, uma linda mulher domada.


Jornalismo e filosofia no filme "Hannah Arendt"

segunda-feira, 12 de agosto de 2013


O filme Hannah Arendt está em cartaz em alguns cinemas do Brasil e faz um recorte de um evento muito importante na vida da filósofa: sua participação no julgamento, em Jerusalém, do nazista alemão Adolf Eichmann, como jornalista da revista New Yorker, com o propósito de escrever um artigo com a cobertura do julgamento. 

Eu pretendia escrever algo sobre as ideias de Hannah expostas no filme, inclusive sobre o pensamento da própria Hannah ao final do julgamento, a conclusão a que chegara, etc, mas encontrei uma bela resenha do filme, que contém ainda embasamento filosófico, então, deixo-a aqui com vocês. Apenas gostaria de comentar aqui algo que me chamou a atenção na postura de Hannah, que, mesmo tendo recebido a função de jornalista, discorreu filosoficamente sobre os fatos do julgamento, sobre a conduta de Eichmann, sobre a postura da comunidade judia, e, ao final de tudo isso, deu origem a mais uma linha de estudo de seu pensamento, a qual chamou de  "banalidade do mal". O filme é muito interessante, mesmo para aqueles que não são muito fãs de filosofia [o que definitivamente NÃO é o meu caso ;)]

O texto é integralmente copiado da Revista Pittacos - a autora é a Maria Aparecida Abreu!

HANNAH ARENDT – A Banalidade do Mal : Pensamentos a partir do filme

É difícil não sair seduzido do filme Hannah Arendt de Margarethe von Trotta. O objeto do roteiro é uma parte da vida de sem dúvida um dos indivíduos mais extraordinários do século XX. Antes de ver o filme, estava preocupada com duas coisas: uma banal, a falta de semelhança física entre a atriz escolhida, Barbara Sukowa, e a autora biografada, além da dificuldade de transmitir a densidade facial e corporal de um ser em estado de pensamento sem recorrer a caricaturas; e outra mais importante, sobre como um filme relataria um dos momentos mais relevantes e brilhantes da vida e da obra de Arendt, que é a passagem de uma concepção de “mal radical” – adotada desde As Origens do Totalitarismo (1949), e de inspiração kantiana -  para a de “banalidade do mal”,  expressão cuja elaboração isolada provavelmente já daria a Arendt um lugar entre os grandes autores de seu século.

O filme é muito bem sucedido. A começar pelo recorte escolhido. O relato do julgamento de Adolf Eichmann (1961) é uma das partes mais instigantes da obra de Hannah Arendt e o evento, em si, muito bem apresentado com a alternância de imagens de documentário – o verdadeiro julgamento – e a ficção – a relatoria narrada – foram a escolha correta para manter até mesmo o espectador leigo atento aos detalhes. Além disso, a importância de personagens históricos que tiveram influência intelectual e pessoal na vida de Hannah – especialmente Mary McCarthy, Heinrich Blücher, Hans Jonas e Martin Heidegger, é sugerida de forma bastante fiel à realidade, pelo menos tal como relatam suas biografias.

Todo este recorte acertado permite que a sedução da inteligência e da coragem desta intelectual que deixou sua marca no pensamento político ocidental se realize sem grandes resistências. Estamos diante de alguém extraordinário, sem dúvida. E esse alguém é uma mulher, uma das poucas que figuram entre os grandes dos novecentos. Ao lado dela, provavelmente, Simone de Beauvoir.

Seduzidos, então, mergulhamos nos fatos que levaram a autora a abandonar uma interpretação de que um dos conceitos que ajudaria a compreender o totalitarismo seria o de “mal radical”, tal como sugerido nas Origens do Totalitarismo. De acordo com este conceito, a prática do mal por um indivíduo – tal como Kant já indicara – dependia de um desvio de sua vontade, incapaz de legislar de forma afinada com regras que valeriam para toda a humanidade – o imperativo categórico – e capaz de cometer qualquer atrocidade, desconsiderando inclusive o mais intuitivo dos mandamentos da vida social, o “não matarás”. Esta concepção de mal radical era o que parecia explicar o que estava por trás dos crimes contra a humanidade. Todos, e principalmente os judeus, acreditavam serem os nazistas monstros. Não por acaso – e o filme destaca isto precisamente – o acusado é exibido no julgamento em uma jaula de vidro.

Não. Não se tratava de um monstro. Não se tratava de um psicopata ou canibal que a qualquer momento poderia voar sobre alguém da plateia, ainda que esse alguém tivesse traços judeus. Hannah Arendt é certeira: ele nem mesmo era antissemita, muito menos um assassino sanguinário. Era apenas o mais fiel obediente às leis. O desvio que o acometia, portanto, era sua incapacidade de questionar a razoabilidade, a legitimidade, a justiça e a humanidade dessas leis. Arendt sentencia: seu problema, e de todos os outros burocratas nazistas, era a incapacidade de pensar. Sem a força corrosiva e desconstrutiva do pensamento, qualquer ação é possível, qualquer lei pode ser racionalmente justificada.

E agora desenvolvo uma ideia que, tenho a impressão, está na obra de Arendt, mas não no filme. A partir do momento que os crimes contra os judeus eram cometidos em razão da incapacidade de pensar de boa parte de seus agentes – não estão incluídos entre eles, claro, o führer e a alta cúpula nazista –, o sucesso da dominação pretendida com a estrutura burocrática montada pelo sistema totalitário estava garantida. Se o sistema necessitasse de muitos monstros, provavelmente não os encontraria. É justamente porque a Solução Final poderia ser colocada em prática por seres humanos comuns é que o sistema pôde adquirir as dimensões que teve. Daí a banalidade do mal abranger dois aspectos: o primeiro, bastante abordado no filme, é o da premissa de que os seres humanos são supérfluos. O outro, que acredito não ter sido muito bem explorado, é o de que é quando temos um sistema – e não seres humanos – estruturado para a prática do mal é que ele pode se espalhar e, se não contido, abranger toda a humanidade. Nesse sentido é que o mal banal é “superficial”, não é radical. E justamente por isso ele é muito mais perigoso, porque, aparentemente, sob a sua influência, as pessoas estão agindo de forma racional e, acima de tudo obediente.
Então, se Adolf Eichmann não era um monstro, o que era? Um burocrata, um ninguém, um palhaço, que era capaz de afirmar, de forma sincera, sem qualquer pejo ou embaraço, que suas ações nada tinham a ver com a morte dos judeus: eles morreriam, com ou sem ele.

A capacidade de Hannah Arendt sair de sua condição de judia e enxergar o que ninguém até ali tinha visto é admirável, ainda mais quando consideramos a reação, inclusive de amigos, que ela teve de enfrentar. Reação cuja melhor resposta dada pela autora foi: ela procurou compreender[1] o que estava ocorrendo e compreender não é perdoar. Em busca de compreender, Arendt sai de si e é capaz de pensar radicalmente.
Até aqui o brilhantismo de Arendt é inegável. No entanto, houve outro ponto polêmico de seu relato: o fato de ela ter questionado o comportamento de algumas lideranças judaicas durante o nazismo. Este questionamento soou para os leitores judeus como uma atribuição de corresponsabilidade pelos crimes nazistas. Em resposta a isso, ela sofreu a acusação de ter pouco amor pelo povo judeu, o que no filme foi, de forma comovente, expressada por um de seus melhores amigos, Kurt Blumenfeld, em seu leito de morte, em Jerusalém, à qual Arendt respondeu que nunca havia amado povo algum, nem mesmo o judeu. Ela amava seus amigos. Esse era o amor de que era capaz. Hannah Arendt está completamente coerente com seu pensamento. Seus atos refletem bastante suas ideias. Para ela, amor é um sentimento da esfera privada, reservada às relações mantidas nessa esfera.

Hans Jonas, de forma mais cruel, mesmo após a aula pública dada por Arendt com o objetivo de explicar o que queria dizer com a “banalidade do mal”, atribui o erro de julgamento de Arendt à sua arrogância, falta de conhecimento dos assuntos do povo judeu e à sua fidelidade intelectual a Heidegger.

Minha interpretação é a de que talvez os judeus estivessem parcialmente corretos nessa segunda cobrança. Hannah Arendt procurou tanto compreender Eichmann, e teve uma impressionante lucidez nessa tarefa, que talvez não tenha compreendido a atuação dos judeus. Não porque não amasse seu povo, talvez sim por sua fidelidade a Heidegger, embora não naquilo que provavelmente Hans Jonas estava sugerindo – antissemitismo e descompromisso com a realidade por um excessivo compromisso com o pensamento -, mas pelo seu desprezo, manifestado várias vezes ao longo de sua obra, pela sociologia. Munida do instrumental já então erigido por Weber em suas formulações sobre a sociologia da dominação, seria provável que ela percebesse que os judeus – não sei se como povo, ou se como grupo –, durante a dominação nazista, agiram como os dominados agem quando buscam a sobrevivência: aderem à lógica e às regras do dominador, muitas vezes internalizando-as. Pode-se não admirar alguém que age de acordo com os ditames da sobrevivência. No entanto, da mesma forma, não se pode exigir desse alguém conduta diferente. Mas, ao que parece, isso não foi reivindicado da autora naquele momento, só décadas mais tarde, ao longo da recepção de sua obra.

[N.A. 1] A palavra em inglês é understanding, que nas legendas do filme foi traduzida por entender. Mas como entender remete a atividades da razão e, na obra de Hannah Arendt, isso adquire outro sentido, vou adotar aqui a tradução consagrada – compreender.

Mundo, mundo, vasto mundo... Considerações sobre a Chapada Diamantina, e sobre imensidões!

quinta-feira, 1 de agosto de 2013


Definição de Chapada pela Wikipédia: Chapada é uma formação geológica acima de 600 metros que possui uma porção plana na parte superior.
A Chapada Diamantina fica no coração do sertão baiano, um "oásis no sertão", como brincam as propagandas. Uma região linda de viver e de se ver. Fomos acolhidos em Lençóis, pequena cidade com casinhas simples e antigas, um pequeno centro histórico bastante movimentado e muita gente boa. Quando digo que fomos acolhidos, na verdade estou querendo dizer "muito bem acolhidos". Em Lençóis, encontramos muita gente legal e disposta a conversar e fazer amigos, desde os turistas mais animados até os moradores locais e donos de agências e pousadas. Foi uma experiência única e posso dizer que foi a melhor que já tive por aqui, em terras tupiniquins. A Chapada Diamantina é um Parque Nacional protegido e gigantesco, com muita coisa bonita pra ver. Sempre haverá motivo para outras visitas.
A imensidão das montanhas, cachoeiras, e a dificuldade das trilhas impressionam e nos mostram a força da natureza, tornando-se uma experiência incrível para quem nunca teve contato tão direto com uma paisagem tão imponente.
Tenho mais coisas pra contar, volto depois! 



Eis a questão!

terça-feira, 30 de julho de 2013

"O que é que se consegue quando se fica feliz? sua voz era uma seta clara e fina. A professora olhou para Joana.
- Repita a pergunta...?
Silêncio. A professora sorriu arrumando os livros.
- Pergunte de novo, Joana, eu é que não ouvi.
- Queria saber: depois que se é feliz o que acontece? O que vem depois? - repetiu a menina com obstinação.
A mulher encarava-a com surpresa.
- Que ideia! Acho que não sei o que você quer dizer, que ideia! Faça a mesma pergunta com outras palavras...
- Ser feliz é para se conseguir o quê?"

(Clarice Lispector)

Que um dia consigamos descobrir este "o quê"!!! :)


Das páginas

quinta-feira, 4 de julho de 2013

- A sua página já foi virada.
- Virada ou arrancada?
- Virada. As lembranças ficam.

Paisagens modernas

sábado, 29 de junho de 2013

Os pombos mutilados pela potência dos fios de alta tensão são parte da paisagem moderna.
As gaivotas da praia não são mais.
As casas à beira dos córregos são.
A casinha de sapê não é mais.
O velhinho de cata latinhas é parte da paisagem moderna.
Os senhores que jogam dominó sob a sombra da árvore não o são.
Os cachorros sarnentos abandonados são.
Os homens sarnentos abandonados também são.
Os drogados abandonados são.
O pai que ensina a filha a andar de bicicleta não é mais parte da paisagem moderna.
O funk tocando no rádio é.
O bar tranquilo que meu pai frequentava quando eu era criança não é mais.
Os ratos da estação de trem são.
O rapaz que me olha do outro lado da plataforma é.
Eu tornei-me, ao longo dos anos, parte da paisagem moderna.
Mas minha mente e meus olhos não.


Do progresso

sábado, 22 de junho de 2013

Em tempos de violência e crise você caminha com cuidado pelo mesmo trajeto de sempre, já tão conhecido seu. Nesses tempos também desconfia-se de quem está sentado ao seu lado no metrô. Desconfia-se do rapaz com sono sentado a sua frente, e do policial a serviço do Estado (ou não). Olhares tímidos desconfiam de mim pelas ruas. Em retribuição, desconfio da senhorinha simpática com sacolas na mão e da criança com uniforme e mochila. Mochilas são perigosas. Em tempos de violência surgem cartazes ferozes bradando contra tudo e contra todos. Sigo desconfiando dos portadores dos cartazes, dos portadores de crachás e dos portadores de flores. Desconfio da bandeira e suas cores vibrantes, e desconfio da inscrição que leio: "ordem e progresso", ou seria "em progresso"?


Não é só por R$ 0,20, porra!

quinta-feira, 20 de junho de 2013


É pelos R$ 0,20 a menos no bolso do trabalhador;
É pelo desrespeito diário sofrido pelo trabalhador brasileiro todos os dias no transporte público;
É para os nossos governantes entenderem que fomos nós que os colocamos onde estão;
E é para que entendam, também, que o povo não pode nem deve ser ignorado, porque se for para ganhar no grito, 200.000.000 gritam muito mais que alguns centenas! ;)

Parabéns aos que participam das manifestações Brasil afora e não desistem!

PS: essa foto é tensa, mas muito bonita!




Viva la Revolución... or maybe not!

terça-feira, 11 de junho de 2013


Estou ouvindo muita gente dizendo que passagem de ônibus não é motivo para todo esse barulho, mas talvez este seja apenas o início: talvez a próxima manifestação seja contra este ou aquele Deputado ou Vereador safado da nossa cidade, talvez seja contra uma condenação injusta nos tribunais brasileiros, mas eu vejo um começo.

Dizem também que a classe média brasileira é a que mais paga por tudo no Brasil, desde impostos até o alto preço da violência. Pois é esta mesma classe média que eu vejo reclamando da manifestação do retrovisor de seu carro... enquanto ela ainda tem carro! Acho que tá na hora de mudar esse pensamento, né não?






Refletindo sobre a atual situação da fotografia

sexta-feira, 7 de junho de 2013

"Em nome de captar uma imagem, perde-se a beleza do momento"

Essa é a frase do fotógrafo Fábio Seixo numa entrevista sobre sua série fotográfica que tem como objeto a atual obsessão pela fotografia, ilustrando situações vistas em locais turísticos, museus famosos, paisagens, shows, etc. Eu já havia manifestado a minha indignação com máquinas fotográficas em shows neste post AQUI, e a entrevista do fotógrafo somente reforça a minha ideia: as pessoas estão deixando de assistir aos shows para gravá-los, filmá-los, ou ficarem tirando fotos viradas para o palco. Qual é a graça de ver um show pela telinha da sua máquina digital, por melhor que seja a resolução? Ainda estou tentando entender...
A reportagem completa é do Hypeness, e está AQUI!

Este é o vídeo do projeto!

 

Dos direitos

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Às vezes temos que usar o nosso direito de nos mostrarmos fracos (ou devo dizer humanos?).
Temos o direito de não sermos tão polidos, tão educados e passivos.
Temos o direito de não sermos "zens".
Temos que nos dar o direito de xingar os filhos da puta que merecerem.
Temos o direito de mostrar a nossa insatisfação e excluir o que não presta de nossas vidas, sem nos preocuparmos com a opinião alheia, afinal, se nós mesmos não nos importamos conosco, quem vai, não é? 
:)

"Medo do desconhecido" - Clarice Lispector

terça-feira, 28 de maio de 2013

Então isso era a felicidade. E por assim dizer sem motivo. De início se sentiu vazia. Depois os olhos ficaram úmidos: era felicidade, mas como sou mortal, como o amor pelo mundo me transcende. O amor pela vida mortal a assassinava docemente, aos poucos. E o que é que eu faço? Que faço da felicidade? Que faço dessa paz estranha e aguda, que já está começando a me doer como uma angústia, como um grande silêncio? A quem dou minha felicidade, que já está começando a me rasgar um pouco e me assusta? Não, não quero ser feliz. Prefiro a mediocridade. Ah, milhares de pessoas não têm coragem de pelo menos prolongar-se um pouco mais nessa coisa desconhecida que é sentir-se feliz, e preferem a mediocridade.

[crônica em "A descoberta do mundo"]

(é por essas e outras que eu amo essa mulher! ;))


Preparação para as férias!

sexta-feira, 17 de maio de 2013




 Na foto: eu!

Estava preparando o roteiro para as minhas férias, visitando páginas sobre viagens e mochileiros no Facebook, e me deparei com um texto publicado pela página Alo alo marciano, com o título "Namore uma garota que viaja". O texto, além de muito bonito, é muito bem escrito, e ressalta as vantagens de se namorar uma mochileira ou uma viajante! Acho que o mesmo vale para o "garoto que viaja", ele vê o mundo com outros olhos, pode ter certeza.

Aqui está um belo trecho pra vocês, o restante está no link acima:


"Escolha o caminho mais bonito da cidade para atravessar a cidade do trabalho dela até a sua casa, ou até o restaurante de comida peruana mais próximo, preste atenção nos comentários que ela fizer sobre as coisas no caminho. Uma garota que viaja tem um olhar aguçado de uma criança, vai te fazer reparar numa planta florida, num grafiti fantástico que você nunca reparou, num anúncio colado no ponto de ônibus de um show interessante, vai definir os lugares pelos cheiros agradáveis no ar: "roma tem cheiro de pizza, que nem esse cheiro agora". Tudo coisas que de dentro de um carro importado com o ar condicionado ligado, não aconteceria."


 
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