Acho que doeu!!

Saudade? Sim, saudade!

quarta-feira, 25 de março de 2009



Estou com uma saudade imensa daquilo que eu não vivi; de quem eu não tive; do que eu não falei... e de tudo o que poderia ter sido!


"Sonhei tantas vezes contigo, tantas vezes, que gastei a tua imagem e não sei mais sonhar."


(Teolinda Gersão)



Imagem: Joaninha - Silvia Afonso

"A PAIXÃO SEGUNDO P.M." (eu!)

domingo, 22 de março de 2009



Ela estava lá.
O azulejo branco a destacava, marrom, nojenta, monstruosa. E eu, em meu semi-sonambulismo, em plena noite, ainda sob os vestígios de meu último sonho do qual eu não me lembrava por completo, estava agora diante de meu medo.

Então aquilo que, por piedade por mim, eu não queria pensar, então eu pensei. Não pude me impedir mais, e pensei que na verdade já estava pensando.* Teria que matá-la.

O suor escorria por todo o meu corpo, frio, suor de medo do que pode vir a acontecer quando o enfrentamos, quando enfrentamos uma barata.

Como saber o que é certo. Ela estava ali, no lugar errado, na hora errada. E eu, no lugar errado, na hora errada. Nossos destinos encontrando-se, ao acaso, para que nos debatêssemos, uma diante da outra, com todas as nossas pernas. A vantagem das asas que eu não tinha. Eu a livraria de sua vida de esgotos e ela encararia meu medo, o pior que há em mim.

A imagem da massa branca, saindo de dentro de sua estrutura nojenta, feia; as asas ameaçadoras quando encurraladas. A morte por esmagamento: a transcendência.

Eu precisava ser. Estava sendo, ali, enquanto meu suor escorria e os olhos não perdiam a barata de vista. As mãos tremendo, os dentes cerrados como se fossem se quebrar, em postura de defesa contra mim mesma e contra o ser marrom de asas que me ameaçava com sua fétida existência.

Avancei um passo.

Terei mesmo avançado ou imaginara enquanto vigiava o canto do azulejo?

Um golpe desferido contra o branco reluzente. O eco da batida. A massa branca ao redor.

Minha alegria e minha vergonha foi ao acordar do desmaio. Não, não fora desmaio. Fora mais uma vertigem, pois eu continuava de pé, apoiando a mão na parede. Mas eu sabia, antes mesmo de pensar, que, enquanto me ausentara na vertigem, "alguma coisa se tinha feito". *

E sai, triunfante por haver suportado o suor, o eco e a massa branca no azulejo branco.

(Os trechos com (*) são de "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector. O restante é a minha versão da cena em que G.H. tem a maior experiência de sua vida. O trecho original pode ser lido neste link, para quem tiver a curiosidade de saber qual foi essa experiência!)


Mas não fui eu!

sexta-feira, 20 de março de 2009



Encontrei uma matéria interessante hoje na internet, sobre textos com falsas autorias. Pessoas escrevem todo tipo de texto e atribuem a escritores consagrados, fazendo com que seus textos sejam distribuídos por toda a rede com o nome desses escritores.

Entre os que mais "recebem" falsas atribuições estão Luis Fernando Veríssimo e, acreditem, Dr. Drauzio Varella. O doutor afirma que circulam textos com informações ERRADAS sobre medicina, todas com o nome dele assinado embaixo.

É difícil manter o controle sobre o que circula na net, até mesmo para novos autores, que fazem questão de assinar seus textos.

Uma vez, publiquei no antigo blog um poema de uma moça que recebi como recado no orkut. Tempos depois, o perfil dela sumiu, mas o poema estava lá no blog, com o nome dela assinado.

Recebi, muito tempo depois, um email de uma moça dizendo que tinha o nome da autora do poema, mas que não tinha escrito nada. O nome não era muito comum para ser uma coincidência, mas realmente não sei o que aconteceu!

A matéria toda está AQUI!

Por isso, temos que tomar cuidado com o que citamos, tendo certeza de quem é o autor, para não ajudar nessas "falsas atribuições", que nem sempre são boas!!!

Bilhetinho para o Holandês Voador!

terça-feira, 17 de março de 2009


Esse bilhetinho é para o dono do perfil Miguel Gullander.

Se você é o Miguel, todas as mil almas encontram-se HONRADAS com sua visita e comentário...
Adoramos o livro, que trata de temas que vão muito além do Maelström fenômeno natural, chegando ao Maelström de várias almas que, aparentemente, não têm nada em comum, a não ser o contrato!

Parabéns pela grande obra, e sucesso! Esperamos novidades!!!
(Se você não for o Miguel, obrigada, mesmo assim, pela agradável visita!)

Imagem: "Maelström" de Salvador Dali.

Saudade?

domingo, 15 de março de 2009



Esta foto é da Avenida da Universidade, USP. Ela fica mais bonita na primavera, quando essas árvores derramam flores amarelas pelo chão. Prometo que tiro uma foto quando puder.


Saudade!

Estou formada em Letras.

O sentimento de agora é alívio, mas sentirei saudades...


Sentirei saudade dos poucos amigos que fiz,
do professor bonitão de literatura do primeiro ano,
de almoçar strogonofe no bandejão,
da Biblioteca do MAE, um dos melhores lugares em que já trabalhei até hoje,
dos funcionários da biblioteca do MAE, das cervejadas após o expediente,
das aulas de yoga de quando eu não tinha o que fazer,
das pernas do professor de alemão,
de fazer a Vanessa rir com o meu mau-humor,
do menino gay para quem dei o meu telefone no primeiro ano (puts, que ridículo),
de estudar na biblioteca com a turma do alemão até sermos expulsos pelo funcionário,
de ficar perdida dentro do circular,
do professor de literatura brasileira que só usava roupa preta e fumava como uma chaminé (meu ídolo!),
da professora de literatura portuguesa hippie, a mais sensível que já conheci,
da Praça do Relógio,
do tiozão simpático da xerox,
da galera do ônibus Vila Dirce das 23h,
de zuar a Samurai anti-social com sotaque bizarro das aulas de alemão (nossa, que garota maluca),
das tardes no Cinusp...

e tem mais um monte de coisas das quais NUNCA sentirei saudade, mas não valem a pena... rs

Pois é, acabou!!!!

Sobre elevadores

quarta-feira, 11 de março de 2009


Há uns dias atrás, quando entrei normalmente no elevador para sair para o almoço, deparei-me com a empregada de um dos andares. Ela era negra, e usava um uniforme azul claro, com avental branco, de renda, gorro azul claro, e, vejam que incrível, MEIA CALÇA BRANCA E SAPATO BRANCO.

Ela estava linda, parecia uma boneca em sua meia calça branca, em seus sapatos brancos lustrosos... Há quantos anos eu não vejo meias calças brancas, quanto tempo... e sapatos, brancos, vernizados.

Eu queria dizer a ela que estava linda, mas acho que ela não compreenderia. As pessoas não veem (sem acento, droga!) beleza nas coisas simples, como meias e sapato branco.

Além disso, há o problema dos elevadores. Não se conversa em elevadores.
Uma vez, um senhor, na fila do elevador, percebeu minha tatuagem pela manga da camiseta, e perguntou "o que está escrito no seu braço?". O elevador chegou, respondi e mostrei,"é uma flor", e entramos no elevador e nos calamos.

Uma vez, entramos no elevador meu chefe e eu. Falamos sobre o tempo, "como está quente!", com longas pausas de silêncio, esperando chegar em nosso andar. Ele não sabia que não se conversa em elevadores. Eu sei, mas QUERO falar.

Quando há muitas pessoas no elevador, e uma quer conversar, as outras se calam, não respondem, e continuam a olhar para o vazio que há além da porta. Elas sabem que é proibido.

Eu falaria com a empregada de uniforme azul e avental branco. Diria a ela que seus sapatos e sua meia calça são as mais lindas de São Paulo. Ela não responderia, olharia para o ponto fixo além da porta, e me deixaria sozinha, admirando-a.

Vontade de cantar!


Já reparou que cada momento, cada pessoa que passa pela sua vida tem uma música?

Hoje estou com vontade de cantar, a última música que me lembra coisas e pessoas não muito distantes, de um passado bem próximo...

"Caia na realidade, fada
Olha bem na minha cara
Me confessa que gostou
Do meu papo bom
Do meu jeito são
Do meu sarro, do meu som
Dos meus toques pra você mudar

Mulher sem razão, ouve o teu homem"


(Adriana Calcanhoto, Mulher sem razão)


E viva o nosso dia!

Maelström

terça-feira, 3 de março de 2009


Terminei minha leitura de "Perdido de Volta", de Miguel Gullander (e recomendo ;)). Isto significa que, finalmente, tenho algo de interessante para publicar: Maelström!

O Maelström é um grande redemoinho em alto mar, conhecido por sua força destruidora de navios, símbolo do poder das águas e da natureza. Mas o Maelström também possui forte significado místico, como representante do caos da vida, do turbilhão de acontecimentos cujo resultado não se sabe até que acabe o movimento das águas.

Já foi tema de Edgar Allan Poe no conto "Uma descida ao Maelström", onde as personagens presenciam este fenômeno natural e o descrevem como uma das forças mais destruidoras que a natureza criou, capaz de trazer medo aos que o assistem, devido a sua força. No livro de Gullander, as personagens encaram o Maelström de seus interiores, cada um com suas dúvidas morais, seus distúrbios psicológicos, suas angústias, em meio à simbologia das máscaras africanas, das máscaras que todos usamos para disfarçar o que há de mais íntimo em nosso ser. As personagens questionam as próprias ações, sentimentos, totalmente envolvidos na rede de acontecimentos a que chamamos de existência.

A idéia principal é a de que todos nós, um dia, encontraremos o Maelström à nossa frente. Às vezes, cabe a nós a decisão de pular nele ou tentar se salvar ("assinar ou não o contrato"). Nem sempre a salvação é possível. Às vezes, quando percebemos, já estamos no meio dele, sem forças para voltar. Às vezes, não queremos voltar, e o Maelström se torna o caminho para o que há de novo, justamente por não se saber o que há depois.

Leia o contrato antes da descida, mas fique avisado de que ele muda, tal como o vento que forma o imenso e temeroso Maelström.
 
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