Palavras

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Disponho palavras enfileiradas e tenho uma frase.
Se rimo, tenho um poema.
Se não rimo, também posso ter um poema.
Palavras ordenadas e pensamentos completos: tenho prosa, não tenho verso.
Se penso, tenho estilo.
Se não penso, apenas risco.
Se penso, não falo.
Se falo, tenho que pensar.
Para escrever, é só pensar e escrever. Palavras.
Disponho todas enfileiradas, ordenadas:
declaro-me!
Desordenadas: revolto-me.
Na palestra elas fogem.
No amor, explodem.
Na raiva, ecoam.
Aqui, nesta página, todas ordenadas
e desordenadas, ao mesmo tempo
seria um poema,
ou seria mais uma prosa, conversa fiada, perda de tempo?

(Priscila Silva)


Haikai

sábado, 25 de janeiro de 2014

Bateu as asas para o único voo de sua vida.
Não volta mais,
o azul é infinito.

(Priscila S.)

Mas, como faz???

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Minha amiga e eu conversando:
- Pri, você é católica, né?
- Não, não tenho religião, apenas acredito em Deus.
- Mas você não vai a lugar nenhum? Não conversa com ninguém?
- Não.
- Mas como você faz quando tem um problema e precisa falar com alguém? Quando precisa de um auxílio?
- Eu rezo! Falo diretamente com Deus.
- Mas só você e ele? Você não sente falta de uma intermediação?
- Não.
- Mas quem te aconselha, como você faz?
- Eu mesma reflito sobre os problemas e os resolvo, sem me aconselhar com líderes religiosos...
- Mas... mas... não entendo.

Mas é tão simples, ué! :)

Paisagem XXVIII - Da varanda

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

A mesa na cozinha tem muitos lugares vazios, diferente do que havia outrora. O olhar perdido já não percebe os espaços, não distingue as coisas. O quintal gigante, antes bem cuidado, cheio de hortaliças, hoje é tomado pela grama e o mato alto. As vozes das crianças brincando e correndo com os cães também se calaram, e o silêncio e a cigarra são os que imperam. Ainda lembro do vô colhendo milho, dos primos brincando na mina d'água, do pai proseando na varanda. O vô foi levado pelo Tempo: aquele que governa a vida dos mortais desde o dia em que nascem (eterno paradoxo). Os primos cresceram e carregam os fardos do trabalho diário. O pai senta-se na varanda, ao lado da vó que ficou, e hoje é um pouco triste. Enquanto estou parada na porta, estas lembranças me alcançam como a mão da minha prima me alcançava no jogo de esconde-esconde, naquela época longínqua chamada infância. Enquanto olho minha prima, penso, ainda, o quão cruel é este mesmo Tempo, que vai levando as coisas assim, aos pouquinhos, e, sem que se perceba, só nos deixa as cigarras, o trabalho, o silêncio, e um pouco de tristeza.

 
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