Das poéticas

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A poética da cegueira está na sensibilidade das mãos que sentem a superfície, a textura, o movimento. Está no olhar longínquo que nada encontra, a não ser o vazio do infinito. O preto e o branco simbolizam luz e ausência de luz, segundo as leis da física. É também conforme as leis da física que o som atinge a velocidade suficiente para se sentir o vibrar das ondas. Das ondas do mar? Não. As ondas do pensamento são conexões e sinapses segundo as leis da neurociência e das coisas que eu não entendo. Tudo segundo determinadas leis. Tudo segundo a poética da existência das coisas. Tudo em perfeita harmonia com a poética das leis do Universo. Tudo infinitamente conectado.

Qual é a palavra?

sábado, 24 de novembro de 2012

"- Talvez você e Roma só tenham palavras diferentes.
- Como assim?
Ele disse:
- Você não sabe que o segredo para entender uma cidade e seus habitantes é aprender qual a palavra da rua?
Ele prosseguiu explicando, em uma mistura de inglês, italiano e gestos, que toda cidade tem uma única palavra que a define, que identifica a maioria das pessoas que mora ali. Se você pudesse ler o pensamento das pessoas que passam por você nas ruas de qualquer cidade, descobriria que a maioria delas está tendo o mesmo pensamento. Qualquer que seja esse pensamento da maioria - essa é a palavra da cidade. E, se a sua palavra pessoal não combinar com a palavra da cidade, então ali não é realmente o seu lugar.
- Qual é a palavra de Roma? - perguntei.
- SEXO - anunciou ele."


Wow! Trecho de "Comer, Rezar, Amar".

"Tenha fé".

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

A baiana deu três nós na fitinha de Nosso Senhor do Bonfim que está no meu braço há 11 meses. Ela me disse assim, eu me lembro: "peça com fé, moça". E eu pedi com toda a fé que eu acredito que tenho. 

A outra moça me disse, dia desses, que fizera uma promessa, daquelas que não se pode comer algo que goste muito durante um ano. Ela mantém a promessa, com toda a fé que ela tem.

Uma outra moça, ainda ontem, me perguntara o que era fé, acreditando que não a tinha em quantidade suficiente. Mas o que poderia eu, pessoa incrédula, que questiona e nega e assim vai seguindo, sem saber onde tudo isso vai dar, responder a uma pergunta como esta? "Não sei. Só sei que, certa vez, uma baiana me disse para fazer um pedido com fé, e eu fiz" - respondi.


"Todas as mulheres de Tarantino!"

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Este artigo foi escrito por Jéssica Parizotto, retirado na íntegra do site Obvious! É muito interessante e trata de um dos meus cineastas favoritos, o Tarantino!

"As mulheres de Tarantino são vibrantes, fortes e estão armadas! Nada melhor que isso para curar um dia de TPM ou aliviar a vontade de exterminar os homens. A seguir, uma lista com algumas delas, para inspirar e promover a catarse!
Antes é preciso deixar claro que a lista a seguir é baseada unicamente no gosto pessoal desta que vos escreve, queridos leitores! Então esperem grandes doses de parcialidade.
Quentin Tarantino é antes de tudo um cinéfilo. Seus filmes são pop: fotografia extremamente colorida e saturada, trilha sonora excelente, atuações ótimas e aquele temperinho especial que fica por conta da metalinguagem, já que o diretor faz filmes sobre filmes.
Seus personagens são singelamente complexos: pessoas que poderíamos encontrar ao entrar em um McDonald’s da vida, mas que por outro lado guardam uma capacidade de argumentação (vide Jules de Pulp Fiction) que o deixariam sem palavras e provavelmente sem fome.
À primeira vista, os filmes de Tarantino podem parecer “coisa de macho”, mas não é bem assim. A violência é uma constante e isso pode afastar algumas mulheres, contudo, é preciso dar uma segunda chance às suas películas. Se todas as boas características que já citei não forem suficientes para convencer a ala feminina, apelo ao “girl power” que há dentro de todas nós e garanto: Tarantino é feminista.
Suas “mocinhas” são fortes, sabem usar armas (todas! naturais ou não) e mesmo assim conservam aquela feminilidade que nos capacita a matar com os olhos. Ao iniciar este artigo me propus fazer uma lista com essas mulheres de Tarantino. O título soará falso - não posso falar de todas elas - mas garanto que a essência está toda aqui:
1. Pulp Fiction
pulp_uma.jpg
Imagem de Pulp Fiction.

Quem é que consegue ouvir “You never can tell” de Chuck Berry e não querer decorar os passinhos encantadoramente desengonçados de Uma Thurman? Mia Wallace é uma personagem secundária da trama de Pulp Fiction, mas ela rouba a cena no encontro com Vincent Vega, o matador medroso interpretado por John Travolta. Mia pisa com o seu delicado pezinho (aliás, fetiche maior de Tarantino, podólatra assumido) sobre o coração inseguro de Vincent. A senhora Wallace é uma mulher multifacetada: toma milk shake e participa de concursos de danças e no momento seguinte precisa de uma injeção de adrenalina para sobreviver a uma overdose. Tudo isso, é claro, sem deixar de ser descaradamente sedutora.

2. Jackie Brown
tarantino_jackie-brown-1997-01-g.jpg
Imagem de Jackie Brown
Se em Pulp Fiction o diretor homenageou as revistas populares que recebiam o mesmo nome (pulp), em Jackie Brown ele se volta aos filmes do movimento Blaxploitation, realizados nos anos 70 por atores e diretores negros. Para isso ele contou com uma das principais atrizes desse movimento: Pam Grier, que teve sua carreira revitalizada através do filme de Tarantino. Nele, ela interpreta a aeromoça Jackie Brown, que de forma ardilosa passa todos os homens do filme para trás: o aliado apaixonado, os policiais e até o mafioso para quem trabalhava.

3. Kill Bill, volume 1 e 2
tarantino_killbill.jpg
Imagem de Kill Bill
Aqui temos a representante maior de todas as outras personagens femininas de Tarantino: Beatrix Kiddo ou A Noiva. Em Kill Bill, o diretor inaugura uma temática que vai permear vários dos seus outros filmes, a vingança. Uma mulher normal quando traída é um perigo, mas se a mulher em questão tem treinamento de samurai a coisa piora consideravelmente. Sem falar em instinto materno e no fato de que a disputa maior era com mulheres igualmente lindas e perigosas, coisa que, podemos confessar, as mulheres adoram!

4. Grindhouse: Death Proof
tarantino_deathproof.jpg
Imagem de Death Proof
Este é, em minha opinião, o filme mais “mulherzinha” de Quentin Tarantino. Death Proof integra o projeto Grindhouse junto com Planet Terror, de Robert Rodriguez. A proposta foi fazer uma homenagem aos filmes de terror dos anos 1970, por isso as histórias são bastante trash. Neste filme temos duas narrativas, ambas estão interligadas através do personagem de Kurt Russell, Stuntman Mike. Na primeira história as amigas Julia, Shanna e Arlene são mulheres bonitas e independentes que saem para se divertir - até que cruzam o caminho do serial killer Mike. O resultado é uma cena muito trash de um acidente automobilístico entre o carro delas e o carro “à prova de morte” do dublê. Um corte temporal nos leva até as mulheres que vão colocar Mike no seu devido lugar: Abernathy, Kim, Lee e Zoe Bell (que se interpreta a si mesma). Zoe decide emprestar um carro para relembrar os tempos de dublê ao lado da amiga Kim, mas enquanto estava amarrada ao carro, o também dublê Mike aparece e quase causa a morte delas. O que ele não esperava era que elas fossem revidar - e revanchismo é o segundo nome das mulheres de Tarantino.

Há ainda outras mulheres que não coloquei na lista, todas interessantes e nervosas. Se a TPM bater, eu aconselho: nada de comédia romântica! Tarantino cura todos os sintomas!"




Reflexões de novembro... ou: o mês de finados... ou: querido diário...

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O Dia de Todos os Mortos é em novembro.
O Dia de Finados também é em novembro.
Também é em novembro que meus fantasmas saem de seus esconderijos e assombram os meus dias, enquanto as noites permanecem tranquilas.
E isto é tudo o que eu não quero.
Também é em novembro que sinto mais saudades das coisas que eu não tenho, inclusive das que nunca terei.
Também é em novembro que anseio pelas coisas que ainda não fiz, e temo pelas coisas que nunca chegam.
E talvez este post melancólico devesse incluir mais um título, para completar o clima cinzento dos meus dias de novembro... Ou não, pois a gente bem sabe que as horas passam, os dias passam, a melancolia passa, e dezembro chega. Sempre chega.

Das declarações de amor II

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Às vezes, algumas das declarações de amor lançadas ao vento ou numa simples carta, mesmo que corretamente endereçada, se perdem, esvaem-se de significado, e tornam-se simplesmente um amontoado de palavras que um dia fizeram sentido para alguém...

Paisagem XXII - A Criança

sábado, 3 de novembro de 2012

Eis me aqui defronte à expressão mais pura de sinceridade, comparável à declaração de uma criança que, olhando em seus olhos, lhe diz que você é a pessoa mais bonita que ela já vira. Só que não há criança. E muito menos pureza. A expressão de sinceridade nasce de um momento de fraqueza e vulnerabilidade, degradação e humilhação, como um grito sufocado pela moral e pelos bons costumes do cidadão exemplar e respeitável. Afinal, é a isto que a sociedade nos submete: à "sufocação" constante de suas vontades e repressão total de seus desejos, e à alimentação de uma angústia sem fim, somada à insatisfação pessoal, emocional, profissional, do cidadão politicamente correto e solidário. E aquela criança sincera e pura vai definhando, criando cânceres, mágoas e esquizofrenias dentro de si, abraçando terapeutas dos mais picaretas e aproveitadores, até o final dos dias aos quais dão o nome de vida.
 
FREE BLOGGER TEMPLATE BY DESIGNER BLOGS