Dos direitos

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Às vezes temos que usar o nosso direito de nos mostrarmos fracos (ou devo dizer humanos?).
Temos o direito de não sermos tão polidos, tão educados e passivos.
Temos o direito de não sermos "zens".
Temos que nos dar o direito de xingar os filhos da puta que merecerem.
Temos o direito de mostrar a nossa insatisfação e excluir o que não presta de nossas vidas, sem nos preocuparmos com a opinião alheia, afinal, se nós mesmos não nos importamos conosco, quem vai, não é? 
:)

"Medo do desconhecido" - Clarice Lispector

terça-feira, 28 de maio de 2013

Então isso era a felicidade. E por assim dizer sem motivo. De início se sentiu vazia. Depois os olhos ficaram úmidos: era felicidade, mas como sou mortal, como o amor pelo mundo me transcende. O amor pela vida mortal a assassinava docemente, aos poucos. E o que é que eu faço? Que faço da felicidade? Que faço dessa paz estranha e aguda, que já está começando a me doer como uma angústia, como um grande silêncio? A quem dou minha felicidade, que já está começando a me rasgar um pouco e me assusta? Não, não quero ser feliz. Prefiro a mediocridade. Ah, milhares de pessoas não têm coragem de pelo menos prolongar-se um pouco mais nessa coisa desconhecida que é sentir-se feliz, e preferem a mediocridade.

[crônica em "A descoberta do mundo"]

(é por essas e outras que eu amo essa mulher! ;))


Preparação para as férias!

sexta-feira, 17 de maio de 2013




 Na foto: eu!

Estava preparando o roteiro para as minhas férias, visitando páginas sobre viagens e mochileiros no Facebook, e me deparei com um texto publicado pela página Alo alo marciano, com o título "Namore uma garota que viaja". O texto, além de muito bonito, é muito bem escrito, e ressalta as vantagens de se namorar uma mochileira ou uma viajante! Acho que o mesmo vale para o "garoto que viaja", ele vê o mundo com outros olhos, pode ter certeza.

Aqui está um belo trecho pra vocês, o restante está no link acima:


"Escolha o caminho mais bonito da cidade para atravessar a cidade do trabalho dela até a sua casa, ou até o restaurante de comida peruana mais próximo, preste atenção nos comentários que ela fizer sobre as coisas no caminho. Uma garota que viaja tem um olhar aguçado de uma criança, vai te fazer reparar numa planta florida, num grafiti fantástico que você nunca reparou, num anúncio colado no ponto de ônibus de um show interessante, vai definir os lugares pelos cheiros agradáveis no ar: "roma tem cheiro de pizza, que nem esse cheiro agora". Tudo coisas que de dentro de um carro importado com o ar condicionado ligado, não aconteceria."


Sempre conectados

quarta-feira, 15 de maio de 2013

O computador está o dia inteiro conectado à internet.
Eu estou o dia inteiro conectada ao computador devido ao trabalho.
O trabalho está o dia inteiro conectado a mim por meio de meu smartphone.
Do smartphone retorno ao computador para responder uma pendência, e aproveito para desejar feliz aniversário ao amigo cuja festa não poderei comparecer.
E tudo acontece a partir das várias janelinhas que compõem as nossas vidas.


Quando chegarmos aos cem...

segunda-feira, 6 de maio de 2013

O enredo de "Memórias de minhas putas tristes", de Gabriel García Márquez, além da linda história sobre um homem que chega aos 90 anos com a saúde de um homem de 40, é uma narrativa moderna e repleta de uma sensibilidade que não se nota logo em princípio, quando nos deparamos com o título. 

O velho escritor de crônicas nos apresenta um pouco de suas "putas tristes": velhas prostitutas e cafetinas solitárias e mal amadas, que preencheram a também solitária vida do escritor de crônicas, sendo as suas únicas companhias. Elas buscaram, ao longo de suas vidas, o amor, o reconhecimento no outro, a "alma gêmea", e envelheceram nesta busca que é a de todo o ser humano. E algumas pessoas encontram, seja no companheirismo de um cliente assíduo, como a velha Rosa Cabarcas, a grande cafetina, ou a menina virgem, que encontrou o amor no velho de noventa anos cuja única intenção também era amá-la, sem qualquer outra exigência.

As putas tristes e o cronista de García Márquez refletem os amores atuais, instantâneos e imediatistas, remédios rápidos para a solidão diária de nossa modernidade triste, e que, diferentemente do velho cronista que nos conta o seu aniversário de 90 anos, quase nunca chega aos cem!
  
"Começava a adormecer na madrugada quando 
senti como um rumor de multidões no mar e 
um pânico das árvores que me atravessaram 
o coração. Então fui até o banheiro e escrevi 
no espelho: Delgadina da minha vida, 
chegaram as brisas do natal." 
(Memórias de minhas putas tristes, pág. 82).



 
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