Paisagem (II)

sábado, 27 de fevereiro de 2010

As latinhas recolhidas nas lixeiras da estação garantirão o jantar desta noite. Começam cedo, junto com a cidade que acorda para trabalhar. Mas isto também é um trabalho, quem foi que disse que não é? Não fossem seus cabelos brancos, e, às vezes, suas costas arcadas por terem carregado o peso de tantos anos, seriam, cada um, apenas mais um cidadão em busca do pão-de-cada-dia, mas por meios dignos, claro, porque a necessidade (leia-se a falta de tudo) não lhes tira o que está fundado em seu íntimo, desde a infância, aquilo que a mãe ensinava enquanto cozia junto ao fogão. Mas hoje não é mais assim, "os tempos são outros", dizem, enquanto caminham em direção à próxima lixeira.

Foto: João Ferraz

Semelhantes e semelhanças

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Se, de acordo com as leis que regem o nosso Universo, semelhantes atraem semelhantes, será que situações atraem situações? Será que vontades atraem vontades? Ou será que sensações atraem sentimentos??? Decidi que quero proximidades, então atrairei proximidades... e estou começando AGORA!

Diálogo

sábado, 20 de fevereiro de 2010

- Eu vou beijar os seus olhos.
- E por que você faria isso? Para quê?
- Para alcançar o que há de mais profundo em você.
- Mas se já o tens...
- Onde está?
- Não vês, bem aqui, diante de você...
- É que não consigo com esta meia-luz...
                                                                      - Então toque...

Foto: Luis A. Jungmann

Delicadeza

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Delicada como uma boneca de porcelana...













"Oh mon amour, ton grain de voix
Fait mon bonheur à chaque pas
laisse-moi te dessiner dans un désert
Le désert de mon coeur"


Oh meu amor, o teu tom de voz
faz a minha felicidade à cada passo
deixe-me desenhá-lo num deserto
o deserto do meu coração.
(tradução do site letras.terra.com.br)






Propagandas interessantes

Longitudes

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Hoje acordei com uma sensação de longitude, e tudo o que ainda ontem estava tão próximo, amanheceu distante, como a distância de um oceano que separa dois continentes.

Pra quê tanta longitude, meu Deus? Quero proximidades...

Sobre coisas que não são, mas parecem ser, e sobre coisas que são e não parecem nem um pouco!

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Uma das melhores coisas que há no ato de escrever é o poder da criação. O poder de manipular as palavras até criar um enigma, encher suas entrelinhas de significados, ou, simplesmente, descrever. Desta forma, escrito e escritor se misturam, e a gente não sabe mais distingui-los, aceitando suas palavras como verdades e confissões. Mas a gente aprende (principalmente na faculdade de Letras rs) que algumas coisas que parecem ser, nem sempre são... e que coisas que não parecem, até podem ser. E a gente aprende que poetas são fingidores, "finge tão completamente/ que chega a fingir que é dor/ a dor que deveras sente" (Fernando Pessoa), e produzem fingimentos tão lindos, que a gente os toma e guarda como pequenos tesouros. 

 E tudo o que eu disse, aqui, nas linhas e nas entrelinhas, pode ser, ou pode não ser... quem saberá?

Paisagem (I)

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

No vai-e-vem dos pontos da agulha de crochê, a mulher molda detalhes que se tornarão, quem sabe, uma toalha, uma peça de roupa, uma extensa colcha. Em estado máximo de concentração, calcula o laço, o movimento exato da agulha: sentido anti-horário, para cima, para baixo, e o ponto surge, perfeito. Aos poucos, o novelo de linha vai sumindo, e o trançado vai crescendo, com calma, feito a vida da mulher: cada laço forma um ponto, e o novelo se desfaz... até o fim.

Tempestades

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010


Quase todas as noites, uma baita tempestade lá fora...
Mas eu só a vejo da janela, pois aqui dentro faz um sol danado,
é sol de verão!

 
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